Tem coisa mais gostosa que unir duas paixões como cinema e turismo?
Pois, assim como temos a seção OS INDICADOS VIAJA, Ruy Castro e Heloisa Seixas lançaram um livro no qual dividem suas peripécias ao redor do mundo, muitas delas instigadas pelo curiosidade e desejo do cinéfilo Ruy.
Assim chegaram até Ravello, uma cidadezinha italiana onde “durante a primavera de 1953, uma trupe de atores internacionais – os americanos Humphrey Bogart e Jennifer Jones, a italiana Gina Lollobrigida, o inglês Robert Morley, o húngaro Peter Lorre e uma equipe inteira de coadjuvantes e técnicos ingleses e italianos, dirigidos pelo americano John Huston – ocupou Ravello para filmar Beat The Devil (O Diabo Riu por Último), baseado no romance do inglês Claud Cockburn (pronuncia-se Có-burn)”.
Com um contador de histórias como o Ruy, é claro que há deliciosas curiosidades em cada ensaio. “Começou quando, a poucos dias das filmagens, o carro que transportava Huston e Bogart, por imperícia do motorista, chocou-se contra um muro na estrada. Os dois foram projetados para o banco da frente. Huston não teve nada, mas Bogart mordeu a língua com tanta força que quase a atravessou com os dentes – ficou com a ponta pendurada. No pronto-socorro, o médico que o atendeu disse que as espetadas da anestesia doeriam tanto quanto as da agulha que iria usar para costurar a língua – donde iria direto para a costura, a frio. Bogart, que, apesar de ser de família fina, era corajoso de verdade, ouviu aquilo e se submeteu , sem gemer. Dias depois, começou a filmar normalmente, exceto por suas falas, que estavam saindo muito baixas. Huston disse que, quando chegasse a hora, esse problema seria resolvido pela dublagem. E foi mesmo, mas sem Bogie, que, quando a hora chegou, já tinha voltado para os Estados Unidos. Quem o dublou, imitando sua voz, foi um ator inglês, ainda desconhecido: Peter Sellers”.
Veneza – Ruy também jura que “um turista paciente” é capaz de, como ele, descobrir o local exato em que Katharine Hepburn cai no canal em Quando o Coração Floresce.
NY – Outro trecho imperdível é o Roteiro das duas Manhattans – Sim, há a de araque, made in Hollywood, e a legítima, de mámore e lambris – e ambas são as mesmas, escrito em 1989.
Pois imagine você que “Quase todos os filmes “de Nova York” até por volta de 1965 foram filmados em Hollywood. As exceções foram algumas sequências de Farrapo Humano (1945), Um Dia em Nova York (1949), A Embriaguez do Sucesso (1957), Amor, Sublime Amor (West Side Story, 1961) e poucos mais – mas só os diretores desses filmes sabem o quanto tiveram que lutar para que o estúdio permitisse o deslocamento da equipe. O normal era que, uma vez estabelecido para o espectador que o filme se passava em Nova York, tudo o mais fosse construído em estúdio, imitando a arte.
Nos anos 40 e 50, havia uma maneira infalível de mostrar que “estávamos” em Nova York: a câmera dava uma geral em Times Square, na qual se deslocava o anúncio luminoso do cigarro Camel, composto de uma boca gigante, da qual saíam, dia e noite, belas espirais de fumaça”.
“O Empire State Building que aparece na primeira versão de King Kong (1933), por exemplo, é o próprio, inaugurado poucos meses antes, mas ninguém do elenco nem sequer chegou perto da esquina da Quinta Avenida com a rua 34 durante as filmagens.”
Gostou? TerraMarEAr “viaja” por Veneza, Berlim, Saint-Tropez, Madri, Barcelona, Havana, Pompeia, Roma, NY, Mougins, Rapallo, Paris, Moscou, Lisboa, Rio, Búzios, Fernando de Noronha, Sevilha e Buenos Aires.
PS: Não deixe também de conhecer outras viagens indicadas aqui no blog –> OS INDICADOS VIAJA